quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Oposto

- Tenho o visto quase em todos os lugares, no meu escritório, nas vitrines, nos prédios, pontos de ônibus, às vezes até na televisão. Não interessa se estou indo ao mercado, parque, ou ao teatro; tenho esbarrado nele toda vez que o vejo, parece até perseguição, sabe que às vezes eu me incomodo. São raras as vezes em que fico sozinho e quando fico, sinto falta. Não uma falta propriamente dita, nem poderia também, nunca trocamos sequer uma única palavra. É como se eu sentisse saudades de alguém que eu nem conheço. Têm dias que ele me parece fosco, um tanto distorcido. E quantas vezes já o vi chorar, tanto que chegara a molhar as suas roupas e nem assim tive coragem de perguntar o que havia acontecido. Mas de uns dias para cá ele tem tentado me imitar e sabe que ele tem acertado; nas combinações das roupas, cachecóis, e quando saio de chapéu, e olha que são raras as ocasiões, mas o cabelo.. sempre está ao inverso do meu. Nessa última quinta quando o céu estava com cara de que ia chover; como de rotina, esbarrei nele, estava chorando e foi aí que eu percebi que os meus olhos e minhas roupas também estavam molhados...

Doutor, como pode duas pessoas que nem se conhecem serem tão ligadas?
- Talvez porque sejam a mesma pessoa.

Larissa C. Maciel

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