terça-feira, 26 de maio de 2009

Mecatrônica Ilusória

O que importa é só nós agora, desse jeito. Na primeira pessoa do plural. Só que é como um telefone sem fio, as informações são transferidas. Mas se o que importa realmente é o que fica aqui dentro, vale o que me aperta aqui também, a cabeça turbulenta, o fato de saber que você pensa tanta coisa e por isso não as distingue mais, não sabe mais o que paira na sua cabeça, ou o que se transforma dentro dela.
A caneta vai se tornando apagada, como se estivesse negando passar as suas palavras para o papel.
- É que os dias tem sido os mesmos.
- Assim, todos iguais?
- Não, assim, ininterruptos.
- Como um disco de progressivo.
Só porque você pode escolher o que ouvir a cada instante, o reflexo não está no que outros irão sentir, nem sempre é a trilha sonora que faz cada momento, nem todos querem ouvir a sua música e cantá-la com você. Ou você força, força até que brote sintonia em meio a um coro desafinado. Desafinado como as suas cordas vocais, desregulado como as suas engrenagens.
- Que engrenagens?
- Sim, você é um andróide.