Qual é o objetivo disso tudo? Afinal, ninguém reconhece o que se tornou. Pessoas, álcool, canções, cigarros... e reivindicamos, o quê? Um protesto sem objetivos. O sistema nos corrói, vestindo-nos roupas estampadas e nos alimentando com hambúrgueres e inutilidade mental.
Essa projeção de ser gótico, underground, indie, emo, metaleiro... essa divisão tribal. Somos andróginos, somos homens, mulheres, animais - de cérebro fundido, mero analfabeto funcional. Mas nos tornamos iguais e a divisão é dissolvida quando a roda se forma para enviar fumaça aos pulmões.
Ou não.
Alguém senta na calçada e escreve uma poesia, um bêbado recita Leminski, outro dedilha no violão um belo The Doors, o cigarro revesa seu lugar com a gaita, "pare de comer carne" é rabiscado na parede com uma caneta sempre ao bolso, depois, procura-se um isqueiro. Lemos Dostoiévski, bebemos conhaque, cantamos Hendrix, dedilhamos o violão.
E é inútil marcar encontro para sábado de manhã, alternamos a loucura besta e a loucura sóbria. Motivos nós temos, procuramos um modo de expressar essa oposição, fazendo tudo o que desejam que não seja feito.
É a cultura distorcida, contra-cultura, pró-cultura, anti-cultura. Bebemos Hendrix, lemos o violão, cantamos conhaque, dedilhamos Dostoiévski. Pois a ordem não importa, a pretensão é a mesma, a vontade é inversa, a ação é oposta. Ou, como quiser, já disse que não importa. Então, me dê uma abraço, daqueles de se pendurar no pescoço, e me ligue mais tarde.
sábado, 18 de abril de 2009
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